sábado, 25 de abril de 2020

A Liberdade Saiu à Rua

Salgueiro Maia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Um dos rostos mais ligados ao 25 de Abril, Salgueiro Maia, Capitão do Exército Português, Capitão de Abril, sob seu comando militares foram para o largo do Carmo e cercaram o quartel da GNR onde se encontrava Marcelo Caetano.

Maia representa-nos a todos nesta fotografia, um país simples no olhar que ansiava por Liberdade.

Hoje vivo num país livre e essa Liberdade deve a Maia e a todos os restantes capitães de Abril. Devemo-la também a todos os que lutaram contra as atrocidades do regime vigente na época, a todos os que passaram pelo Aljube, Tarrafal, Peniche e todos os outros locais onde se cometiam atrocidades contra o Povo em nome da "Segurança Nacional".
Hoje vivo num país Livre porque a Liberdade saiu à Rua a 25 de Abril de 1974.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

A música incomoda muita gente...

Por estes dias de recolhimento no aconchego do lar há sempre uma ou outra pessoa que tentam alegrar o nosso dia, torná-lo especial e menos aborrecido. São inúmeras as imagens de Espanha e Itália de pessoas em festas à janela. O conceito é muito simples, um mete a música e todos dançam e cantam, cada um na sua janela, no conforto da sua casa e acima de tudo num isolamento social ao mesmo tempo a partilhar uma experiência de vida nova a todos nós. Afinal de contas o artista pode estar do outro lado da rua o que até pode parecer longe, mas já pensaram na distância em que fica o palco do Rock in Rio do topo oposto do vale onde se realiza?

Depois temos o José (nome nada fictício desta vez), José Malhoa, figura incontornável da Música Portuguesa, goste-se ou não temos de o reconhecer seja pela sua já longa carreira seja até pelo número de festas e festinhas na terras e terrinhas que todos os verões o convidam a mais um concerto. Este é o Zé!

O Zé, amigo de todos os seus vizinhos teve a ideia de fazer o que qualquer animador faz, animar. É isso mesmo, Bruno Nogueira deu o mote a livestreams no instagram e de repente temos setenta mil pessoas a assistir ao Bruno Nogueira e panóplia de convidados como Albano Gerónimo, Nuno Markl, João Quadros ou até Maria João Pires que nos presenteou com um brilhante concerto de piano, mais intimista só ter o piano na minha sala; tal como Bruno Nogueira fez no Instagram o Zé quis fazer a sua parte, quis trazer conforto aos que moram perto de si e um momento de descontracção que nos afasta por alguns momentos de todo o ruído à volta do vírus e das perguntas já mais do que repetitivas que todos os dias o jornalistas fazem questão de bombardear os oradores do briefing diário acerca da evolução do vírus nas últimas 24h.

O Zé quis ajudar, quis cantar para os seus vizinhos, já não era a primeira vez que o fazia, porque não fazê-lo novamente? Isso queria o Zé. Aparentemente algumas pessoas, vizinhos mais distantes do Zé, também se quiseram juntar à festa e apareceram na sua rua para assistir ao Zé, este consciente afirma que até recomendou a separação física das pessoas para evitar concentrações e aumento do risco. Quem não estava pelos ajustes era a GNR, segundo alguns diários noticiosos a GNR chegou com 7 viaturas para acabar com o concerto do Zé. O Zé ficou indignado, não entende porque é que foram lá acabar com a sua tentativa de dar conforto às pessoas que vivem perto de si, de lhes trazer um momento diferente. O Zé foi identificado pela GNR como se tivesse cometido alguma transgressão a todos nós desconhecida, pelo menos que eu saiba e respeitando as leis do ruído.

Numa análise tentativamente crua e nua, eu não sou fã da música do Zé mas reconheço o valor enquanto músico e nesta situação como artista a tentar fazer a sua parte, eu acho que realmente poderá ter havido por aqui algum excesso de zelo por parte das autoridades. Compreendo que achem perigoso a concentração de pessoas na rua do Zé, mas... não deveriam elas a serem identificadas? Não me parece que o Zé tenha arrastado alguém para a rua para assistir ao seu concerto. Em resumo as autoridades não trabalharam mal em evitar a concentração de pessoas, falharam foi o alvo porque na minha modesta opinião o prevaricador (palavra cara), é o zé (sim letra pequena), o zé povinho que fez questão de sair de casa para ver o Zé (o da letra grande).

Para os que moram perto do Zé espero que voltem a ter concertos "à borla" novamente enquanto isto tudo durar e a todos os demais podem sempre ver o Zé no Youtube no conforto de casa, até quem sabe no sofá e com uma fresquinha ao lado, querem melhor?

À GNR: Ouvi dizer que haverá um evento com grande concentração de pessoas lá para os lados de São Bento no dia 25 dá para dar lá um saltinho?

(Disclaimer: Não sou countra a realização das comemorações do 25 de Abril, apenas sou contra os moldes em que as mesmas se realizam, é possível fazer o mesmo com menos pessoas concentradas num local fechado)

domingo, 19 de abril de 2020

25 de Abril, Liberdades e outras coisas que tal...

Terei eu sido o único a achar irónico o tom ditatorial com que o Presidente da Assembleia da Republica disse aos deputados contras as comemorações do 25 de Abril na A. R. se realizarem na mesma?

Talvez não, uma coisa é certa, vão mesmo realizar-se as comemorações do 25 de Abril com cerca de 130 presenças no Parlamento com discursos, uns quantos cravos e muita pompa e circunstância. Tudo porque, e segundo o Presidente da A. R., a democracia não está suspensa.

Assim sendo;

A democracia nunca esteve suspensa, nem mesmo quando uns senhores de um tal FMI estiveram por cá a auditar as ASNEIRAS cometidas por alguém que estava na A. R. e nos corredores ministeriais.

A democracia construiu-se com o sangue e a dor de todos os que foram aprisionados, interrogados e torturados no Aljube, Tarrafal e noutros sítios que tal.

A democracia construiu-se por militares cansados da guerra sem fim e sem sentido em África, cansados de verem tombar um atrás de outro amigo e camarada, cansados do regime que oprimia, desrespeitava e maltratava o povo.

A democracia recomeçou a 25 de Abril, os militares deram o mote e saíram à rua, de seguida, e bem, entregaram o poder a quem de direito, ao Povo.

Não se suspende a democracia porque não se faz uma sessão solene, o 25 de Abril pode ser festejado de todas as formas imagináveis sem discursos presenciais, tão desnecessários com as novas tecnologias, festança e a sala cheia de cravos. A democracia não pára porque não há sessão solene na A. R., mas a democracia vive de exemplos e envergonha ver quem dita o que se deve de fazer, não o fazer.

Hoje sinto-me triste com quem comanda o meu país, a reboque de uma teimosia não dá o exemplo, pede para se ficar em casa, mas sai para a A. R. festejar, pede para não haver concentrações de pessoas mas convida 130 a juntarem-se.

No dia 25 de Abril comemora-se a Liberdade, a Liberdade conquistada pelos acima referidos, pelos meus pais, pelos meus avós, por todos nós a cada dia que passa. Neste 25 de Abril irei exercer a  minha Liberdade de pleno direito e não assistir às comemorações na A. R. pois a Liberdade saiu à rua em 1974, em 2020 a Liberdade é ficar em casa para sair à rua em 2021.

sábado, 18 de abril de 2020

Somos todos Luís

Somos todos Luís!

De um dia para outro Boris Johnson melhorou depois de ter estado nos cuidados intensivos com "o vírus" e fez questão de agradever q eu cuidou dele, o Luís. O Luís é um enfermeiro, português que partiu para terras de Sua Majestade em busca de... trabalho, o trabalho que o seu país não lhe conseguia dar.

Com o agraecimento público do Primeiro Ministro Inlgês ao Luís, Portugal lembrou-we do seu Luís, do Luís que um dia emigrou não porque queria ganhar mais ao fim do mês mas simplesmente porque queria ganhar algo que lhe permitisse alimentar-se.. viver...

É sem dúvida motivo de orgulho o trabalho de um Português na linha da frente na luta ao vírus no UK tal como devemos de ter orgulho de todos os que o fazem cá dentro.

Nada contra ti Luís, antes pelo contrário, enche-me de orgulho saber que somos representados "lá fora" por pessoas competentes, excelentes profissionais nas suas mais variadas áreas. Envergonha-me que sejas agora reconhecido por quem te abandonou, pelo país que não "te quis" mas agora chama a si, por seres português, os teus feitos.

... por isso Somos todos Luís!