domingo, 17 de julho de 2011

Lausanne cidade olímpica.

Primeiro passeio após chegada

A uma curta meia hora de comboio, Lausanne era o meu destino para estes dias na Suiça. Logo na saída da imponente gare podemos ler "Lausanne Capitale Olympique", era pois a denúncia de uma cidade importante. Situada na margem norte do lago Léman, Lausanne não é uma cidade grandiosa nem de largas ruas. Na verdade estende-se pelas encostas sobranceiras ao lago o que me lembra a nossa querida Alfama e Castelo que obriga a um esforço redobrado nas pernas, vale o metro. Dizem que esta é a cidade mais pequena com metro, e eu sem dúvida que acredito mas não posso deixar aqui de referir a eficiência e pontualidade do mesmo.


Lac Léman

Lausanne tal como toda a Suiça sobreviveu às Guerras que assolaram a Europa no início do século passado, fruto de uma mais ou menos discutível neutralidade, por isso, os edifícios mais antigos, pelo menos os datados, são na sua generalidade do século XIX com uma arquitectura muito interessante em muito bem preservada.

Esta é uma cidade bastante limpa onde não vi animais vadios e todos os caixotes do lixo tinham saquinhos para os "presentes" caninos, algo que infelizmente por aqui rapidamente desaparece para ser usado em outros fins. Apesar da cidade ser totalmente ao ritmo de "sobe e desce", o transporte apreciado é sem dúvida a bicicleta, prova disso são as centenas para não dizer o milhar delas estacionadas junto à Gare de comboios, pela cidade toda existem áreas de parqueamento das "biclas". Descobri mais tarde para para se circular com uma na cidade, além do capacete recomendado é obrigatório a utilização de luz frontal e traseira bem como de um selo que se pode adquirir nos correios da cidade. Outro meio bastante difundido também são as motas do tipo "acelera" de 50cc para as quais existem também diversos parques próprios, Lausanne não é uma cidade anti-carro mas o parqueamento nas ruas é limitado em tempo e apesar de não ter consultado acredito que tenha um preço bem Suiço.

Uma das minhas primeiras visitas na cidade foi um parque a norte da mesma com uma torre integralmente em madeira e escadas em caracol até ao topo, nada melhor para exercitar as pernas. No final e já acima das copas das árvores circundantes, que são bem altas diga-se, podemos vislumbrar a cidade toda até ao lago. Do outro lado do lago já é França para onde existem ferries regulares e um bonito ferry turístico de rodas de propulsão laterais bem ao estilo Mississippi River. Apesar do dia bastante coberto conseguia-se ainda vislumbrar bastante em redor da torre, dizem, que em dias de tempo muito limpo se consegue ver o repuxo de água de Genebra, pena aquele dia não ter sido assim.

Ferry turístico de Lausanne

Torre de Madeira

Lago no parque da torre

Habitante do lago junto à torre

Uma visita que se mostrou também muito interessante foi aos jardins do Palace de Justice um edifício mais de arquitectura muito cuidada e certamente dá época que referi acima neste texto, aliado a uma área de jardim bastante cuidada, um espaço muito agradável. Já que o tema são os jardins devo referir também a visita ao Parc Milan e logo colado ao Jardim Botânico para o qual não se paga entrada e na entrada a norte é apenas um pequeno portão de meia altura com uma inscrição: "Fechar quando passar". Toda a área junto ao lago está com áreas verdes e muito espaço para caminhar, as criança brincarem sem o problema da estrada.

Palace de Justice

Adjacente ao Palace de Justice estava este lindo Palácio com uma fantástica esplanada

Já no lago e na última estação da linha M2 do metro de Lausanne, que é Ouchy, estamos numa zona que é muito virada para o turismo com grandes hotéis alguns deles de imenso requinte e muitas estrelas a encimarem-lhes o nome, esta é uma zona nobre. Virados para o lago e seguindo para a esquerda depressa encontramos os Jardins do Museu Olímpico, onde está também o Museu. As fotos falam por si de quão belo é este espaço.



Entrada dos Jardins do Museu Olímpico

 Entrada do Museu



Diversas estátuas nos Jardins do Museu Olímpico

Muito mais poderia escrever acerca desta bela cidade plantada à beira do lago Léman e que me apaixonou logo no primeiro dia e às primeiras imagens, cheiros e sensações. Deixo que as imagens contem o resto da história.

Place Riponne - Biblioteca e Catedral por trás

As Arcadas na Suiça

Os próximos posts irão contar a minha passagem por esse belo país que é a Suiça. Muito mais do que queijo, chocolates e relógios pretendo deixar aqui não apenas o que vi da Suiça mas sim o que senti dela, e não, não é apenas um destino de emigrantes de baixas qualificações que vão para lá à procura de um melhor salário. A Suiça torna-se hoje, como tive oportunidade de privar com tais pessoas, um destino de Portugueses de altas qualificações nas mais diversas áreas e que na falta de propostas realmente excitantes por cá seguem em rumo a um outro destino, não à procura apenas de um nível de vida melhor mas sobretudo à procura de algo motivante e que justifique todo o seu esforço em anos e anos de estudo.

Swiss Tourism: We'll Do Anything, Flag ironer

terça-feira, 5 de julho de 2011

Regresso às Arcadas!

Ironia de um destino traçado sabe-se lá por quem ou pelo quê, hoje voltei às Arcadas.

No ar pairava uma mistura de emoções, de saudade, de boas recordações e ao mesmo tempo alguma consternação. As Arcadas haviam sido "destruídas", o que se mostrava diante de mim já não era a velha escola secundária com todas as memórias escondidas em cada recanto e de mil palavras pintadas em cada pedra, agora diante de mim estava uma "nova fábrica de estudantes" preparados para após uma "fornada" alguns anos de estudo seguirem em frente para uma qualquer universidade. Perdeu-se o misticismo, a magia que havia no ar de um edifício que viu tanta coisa por si passar, tantas alegrias de boas notas e tantas lágrimas por um ou outro chumbo. As Arcadas essas, fisicamente falando ficaram agora "forradas" a vidro e deixaram de ser o local de convívio de cada intervalo ou de cada "furo" no horário, agora são a entrada da escola onde se pode consultar a funcionária para nos indicar tudo, porque nada é igual. Mas uma pequena recordação está neste novo átrio, um velho conjunto cadeira-mesa do nosso antigo anfiteatro. Quem sabe se não tive aulas ali sentado?

A Magia de outrora deu lugar a um local moderno mas sem o carisma e sem história, perdeu-se o valor de outros tempos para dar lugar a um sítio igual a outros tantos com cores mais "jovens" como o lilás e a velha madeira de aspecto tosco de com a idade dos nossos avós agora foi substituída por novos móveis de aspecto moderno onde se misturam os aglomerados de madeira com plásticos de aspecto IKEA.

Mas... onde está a velha escola? Não velha por estar deteriorada mas por ser isso mesmo... antiga. Desapareceram móveis como os da Biblioteca que tinha aquele aspecto típico das Bibliotecas em que as paredes estão forradas a prateleiras de madeira cheias de livros, muitos deles bem antigos. Talvez se tenha ganho na eficiência e na qualidade para assim melhorar a qualidade do ensino mas não seria possível fazer tudo isso preservando o passado?

As Arcadas desapareceram no seu espaço num tempo que já não é o seu, fica agora a memória de quem por lá viveu e de lá revive agora dias de um brilho diferente em que tudo era mágico e a vida corria ao ritmos dos toques da campainha sem esquecer as tolerâncias de cinco minutos.

As Arcadas estão vivas, estão vivas dentro de cada um de nós, são os nossos espaços interiores de reflecção, onde somos quem somos, como somos e porque somos... onde realmente somos... Nós!