sábado, 2 de maio de 2020

1 de Maio - quebra de restrições, desrespeito pelo trabalhador e gozo com a cara de toda a gente...


Bem é difícil saber por onde começar a comentar este que foi, talvez, o 1º de Maio mais interessante deste país desde 1974.

Ao contrário dos tempos que correm o 1º de Maio de 74 revestia-se de uma grande importância e simbolismo, já que, era pois o primeiro a ser comemorado inteiramente em liberdade desde 1931, não esquecendo claro os acontecimentos de 1962. Talvez por isso, por ser uma época de privação, ainda que temporária, de algumas liberdades levou à teimosia de alguns a que se comemorasse em moldes em tudo semelhantes aos outros anos. Entenda-se, bandeirinhas a abanar na Alameda, ainda que devidamente distanciadas, uns quantos discursos (agora fala mais alto, que ninguém te ouve cá atrás), e uns quantos cartazes. Este pode ser o ponto de vista mais resumido e que parece reduzir o dia a uma mera insignificância, contudo não o é nem o pretende ser. Tal como o 25 de Abril (no post abaixo), o 1º é uma data que deve de ser festejada sim e disso não tenho a menor dúvida mas, voltando novamente ao 25 de Abril e correndo o risco de me tornar repetitivo, deve de ser comemorada mas com moderação nos tempos que correm.

Senão veja-se:
Ao Zé, (nós todos), foi-nos dito que o Estado de Emergência iria ser levantado no dia 3 de Maio, dando lugar a um Estado de Calamidade, iria permitir levantamento de algumas restrições e passamos a poder fazer algumas coisas que até agora estavam restrictas ou mesmo proibidas por motivos mais do que óbvios. Antevendo já um fim de semana longo com um feriado "colado" ao mesmo e os dias a ficarem mais quentes e apetecíveis de uma bela sesta no campo ou uma ida à praia, o Tó (nosso PM) implementou, novamente, a obrigação de permanência no concelho de residência para os últimos 3 dias do Estado de Emergência, em bom Português: "Fica em Casa". Já o Zé, exemplo na Europa de obediência perante medidas de confinamento e luta contra o bicho acatou uma vez mais de maneira mais ou menos generalizada aquilo a que já se habituou como sendo para o bem maior e para que um dia todos possamos sair novamente à rua despidos de máscara e luvas.

Só que não! Não foram todos a respeitar a regra que o Tó nos impôs para este fim de semana, e é aqui que entra o Camarada Vladimir. O Camarada Vladimir, membro acérrimo do seu sindicato e da sua central sindical não só quer comemorar o 1º de Maio, e bem diga-se, como o quer fazer na Alameda em mais um encontro que mais parece fazer querer lembrar os velhos desfiles na praça Vermelha em Moscovo do que propriamente a luta por direitos dos trabalhadores. Até este ponto nesta narrativa nada de relevante, especial ou sequer digno de reparo, afinal todos nós somos livres (25 de Abril, lembram-se?). O problema é o conflito de liberdades e quando as mesmas se transformam em Anarquia, sim Anarquia será para mim o termo correcto. Pode parecer violento este termo mas quando o Camarada Vladimir decide desrespeitar a ordem do Estado de Emergência e abandona o seu concelho de residência para poder "abanicar mais umas bandeiras" na Alameda, o que o Camarada Vladimir está a fazer é um acto de desrespeito pelo próximo, desrespeito por mim, por ti, por todos nós. Se o desrespeito dos Camaradas Valdimir desta vida não fosse o suficiente, incomoda-me profundamente ver que, para a vinda dos Camaradas Vladimir para a Alameda foram utilizados autocarros da Câmara Municipal do Seixal, um dos grandes exemplos da área do Concelho de Lisboa ser muito maior do que se pensa (Ó Medina eles pagam-te o IMI?). Se a quebra da obrigatoriedade de permanência no concelho de residência não é suficiente para ser criticável então porque não juntar que para se quebrar uma ordem dos Orgãos de Soberania em pleno Estado de Emergência foram utilizados meios públicos para o fazer. Não se pode aceitar a utilização de autocarros camarários para desrespeitar a Lei, muito menos ainda se pode actuar como se tudo fosse permitido.

Como um dia como o 1º de Maio não se pode ficar por pequeno percalços como uns quantos furos à restrição de permanência no concelho de residência o dia não podia terminar sem o próprio e grandioso PCP ver a sua imagem bastante afectada por o que se pode chamar de caso anedótico. Tudo remonta há alguns anos em que o PCP entrou em diferendo com Miguel Casanova, funcionário do mesmo PCP, (ou deverei dizer colaborador?). Tal diferendo entre empregador e funcionário terminou com o despedimento do segundo por parte do primeiro, sendo que Miguel Casanova avançou então para Tribunal de Trabalho, o que, é a forma mais correcta de resolução de diferendos entre as partes. Ora o Tribunal do Trabalho acabou por dar razão ao queixoso, obrigando o empregador a readmitir Miguel Casanova no seu quadro.

Num quadro de um país Livre, Protector dos direitos dos seus Cidadãos e de uma sociedade justa podemos então dizer que foi feita justiça. Só que não! À luz da Lei o PCP fez o que qualquer parte que se sente lesada faria, recorreu a instância superior. O processo não pode ser criticado em nada já que, trata-se de um instrumento perfeitamente legal e a sua utilização é um direito que a todos assiste. Saída a resolução do Tribunal da Relação de Lisboa confirma-se então que se mantém a condenação em primeira instância e que, o PCP teria de readmitir Miguel Casanova.

O PCP reagiu... E não foram precisos 50 anos... Veio a público então um comunicado por parte do partido a criticar a decisão do Tribunal por obrigar esta parte a readmitir um funcionário para trabalho a que chama de, trabalho político, o que, era inaceitável. Ora se é trabalho político não era suposto ser feito por políticos e não por funcionários efectivos? E onde está o "PCP pelos trabalhadores e pelo povo Português" (como se um e outro não fossem o mesmo); e já agora o sindicato e a sua central sindical não dizem nada contra o "tirano empregador, sedento de lucros e aproveitando-se do pobre trabalhador"?

Neste post que já vai bem longo posso até parecer bastante anti PCP, alguns até porventura me chamarão de Fascista ou coisas que tal, e, como tal, tenho de afirmar aqui no mesmo post que não, não sou de direita extrema, poderei até nem ser de direita, como poderei até nem ser de esquerda ou do centro; garantidamente sou pela manutenção da coerência e os dois momentos altos do dia de ontem demonstram a falta dela.

Aos primeiros, CGTP: Camarada Vladimir o 1º de Maio festeja-se em todo o lado e bandeiras também se abanam da varanda e com a vossa sede de "proteger os direitos dos trabalhadores" só os afastam dos vossos ideais e objectivos.

Aos segundos, PCP: Camarada Jerónimo liderança é pelo exemplo e não pela imposição, não sejas o "Gigante do poder Económico que se aproveita dos trabalhadores"; Ah! Aproveita e paga o IMI, eu já paguei o meu, e tu?

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