quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Acerca da greve geral



... e o país parou!

Logo hoje que precisava de realizar exames médicos, foi dia de greve geral. Bem pelo menos o local onde os realizei e apesar de ser uma presa pública da qual muito mal se diz no que toca a greves, leia-se a TAP, mais concretamente o serviço de saúde da mesma, a verdade é que até saí mais cedo de casa para evitar as longas filas que se prometiam ao som da falta de transportes por toda a cidade. Qual o meu espanto que o trânsito até que estava bem normal e mesmo a 2ª circular junto ao aeroporto estava bem calminha, estranho pensei. Vendo bem as coisas até que tem lógica porque à excepção dos piquetes de greve existentes à porta de diversas empresas e organismos públicos, devidamente acompanhados pela PSP à razão de 1 agente por cada sindicalista, as pessoas parece que extrapolaram a ideia de greve e todo o conceito associado a ela.

Sendo eu de um sector profissional impossibilitado de gozar de tal direito tal como o comum cidadão, isto das greves faz-me alguma confusão confesso, mas entendo que greve é permanecer no local de trabalho e na recusa em exercer a sua função até que se chegue a um consenso com a entidade patronal, algo que claramente aqui até que está a acontecer, o Governo debita novas alterações ao código de trabalho e os sindicatos logo ripostam com uma greve quando se sentem desprezados e que as suas reivindicações não estão satisfeitas. Certo! Mas agora pergunto: onde estão todos os grevistas? Na rua? No local de trabalho ou à porta do mesmo? Ou será que aproveitaram o dia para ir para ficar por casa gozando de um dia extra dedicado ao "nadismo"? Seja qual for a situação de todo e qualquer grevista penso que deve de caber a cada um dos que pode fazer greve a reflexão de tal acto e o que isso poderá implicar para si e para a sua entidade patronal. Compreendo os motivos que levam a tal acontecimento e apesar de não me poder manifestar a verdade é que também sou afectado pelos mesmo motivos, mas por outro lado penso que parar o país por um dia não é a solução mais viável. Tomo como exemplo os trabalhadores da Sicasal que foram afectado por um incêndio na sua fábrica por estes dias que passaram. Confesso que me senti apreensivo quanto ao futuro de tais trabalhadores ou de parte deles pois com a perca de dias de produção o mais certo era o despedimento de uns quantos funcionários. A administração apressou-se a dizer que possivelmente não haveriam postos de trabalho em causa o que é de louvar, mas mais de louvar ainda foi a atitude dos trabalhadores que rapidamente deitaram mãos à obra numa tentativa de devolver a fábrica aos dias de produção no mais breve espaço de tempo possível, assegurando assim que logo que possível a mesma comece a laborar a todo o gás, possibilitando assim a manutenção dos postos de trabalho.

Não me interessa aqui agora voltar a cantar a cantiga dos tão já falados sacrifícios que nos são pedidos numa época como aquela em que vivemos e a verdade é que também sinto que já me sacrifiquei o suficiente mas ao mesmo tempo não acho que meter o país em "Pause" no leve a lado algum, senão vejamos; por cada dia de paragem nosso quantas unidades de um qualquer produto se produz noutro país e que nós importamos? Certo é que todos compramos produto A em detrimento do produto B por causa do preço, muitos desses produtos são fabricados em países como a China que está a emergir tornar-se na mais poderosa economia mundial. Se pararmos para pensar no porquê do preço de um produto chinês custar muito menos que um produto nacional veremos que não se deve a direitos dos trabalhadores ou a dias de greve, se somos tão defensores dos nossos direitos então porque optamos por comprar produtos de um país onde a mão de obra é tratada como escrava?

As atitudes melhores e piores dos nossos políticos são também o reflexo de toda a nossa sociedade e cabe a todo e qualquer um que a ela pertence fazer a diferença, cabe a cada um de nós. Não podemos permitir que fulano A não passe factura e com isso não paguemos IVA tal como não podemos permitir que fulano B roube um banco, qual delas a menos legal?

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