quinta-feira, 24 de novembro de 2011

D de Djibouti

Recentemente estive afastado do país por motivos profissionais e na minha viagem passei por um ou outro local mais ou menos interessante. Um desses locais talvez dos menos interessantes foi o Djibouti.

O Djibouti é um, relativamente pequeno, país de África que faz fronteira a sul com a Somália, a oeste com a Etiópia e a norte com a Eritreia, junto com o Yémen formam o estreito que separa o Mar Vermelho do Golfo de Áden. Como tive oportunidade de privar com alguns colegas, este é sem dúvida o pior país por onde todos nós tínhamos passado. A chegada foi através de navio o que deu logo para um vislumbre do pior do país nas docas com muito lixo pelos caminhos um cheiro muito mau e tudo muito mal cuidado.

Na saída para a rua impressionou ver miúdos de rua a disputarem o nosso lixo nos contentores do cais com cães e pessoas deitadas e sentadas junto aos edifícios como que à espera de algo que tarda em vir, quem sabe a morte.

Os táxis são bastante degradados e segurar a porta em andamento foi apenas uma das peripécias, ao que constou, da última passagem por este país, foram fretados autocarros de transporte do pessoal para o centro da cidade, logo terminaram com os mesmo pois os taxistas apedrejavam-nos por sentirem-se "roubados" no negócio. Entrar num táxi tinha sempre 2 dilemas; o primeiro era se chegava-mos ao destino e o segundo era quanto ia custar a viagem, no Djibouti o preço dos táxis é negociável mas após se entrar e mais ou menos pelo meio da viagem o motorista já quer um novo preço e sempre mais alto do que o acordado antes do início da viagem, o que pode não parecer um problema mas por lá é um problema e dos grandes visto a maior parte dos motoristas ser também polícia nem sempre "dentro da lei".

Nas ruas do centro a pobreza está presente em cada canto por onde se ande mas por outro lado e em contraste uma pequena sala com duas caixas de multibanco tem um funcionários para a manter limpa e impedir que seja usada como dormitório.

A outra face.

A oura face é nem mais nem menos do que um enorme complexo hoteleiro numa península junto à cidade à qual para se aceder tem de se atravessar um bloqueio de estrada guardado por homens armados de AK-47, as velhinhas Kalashnikov, arma que também tive oportunidade de ver na rua apesar de não estarmos a falar de um país em guerra.
Este resort era o Djibouti Palace Kempinski criado por investidores do Dubai e inaugurado pelo Sheikh Ahmed Bin Mohamed bin Rashid Al Maktoum, chairman da Dubai Events Manegment & Organization. Um resort com 254 quartos e 55 apartamentos, com todas as mordomias, bares, ginásios, discoteca sala de reuniões e conferêcias bem como uma sala de refeições com buffet de almoço de muito boa qualidade. Bem a contrastar com tudo o que vi fora desta área totalmente reservada a alguns.

Não que tenha entrado em contacto com tal realidade mas falava-se na altura que a taxa de SIDA e de outras doenças sexualmente transmissíveis rondava um número acima dos 90%, o que nem será de estranhar pois pelo que vi mesmo os cuidados de saúde mais básicos mal existem.

Para visitar existe o Lac Assal, um lago com uma grande área coberta por sal. No centro da cidade não encontrei nada que possa dizer digno de referência para visitar, os maiores monumentos serão por ventura as mesquitas mas para as quais não é permitida a nossa entrada.

Este é o meu retrato de um país que vive num limiar de pobreza e onde não se pensa no próximo iPhone ou nas festas das revistas cor de rosa, pensa-se sim no que comer amanhã. Enfim sobrevive-se.

Foto: Filipe Cardoso

Foto: Filipe Cardoso

Foto: Carlos Rodrigues

Foto: Carlos Rodrigues

Foto: Carlos Rodrigues

Foto: Carlos Rodrigues

Sem comentários:

Enviar um comentário